quinta-feira, 27 de setembro de 2012


Dia Litúrgico: Quinta-feira da 25ª semana do Tempo Comum
DIA DE SÃO VICENTE DE PAULO
“Voltemos nossa mente e nosso coração para São Vicente de Paulo, homem de ação e oração, de organização e de imaginação, de comando e de humildade, homem de ontem e de hoje. Que aquele camponês das Landes, convertido pela graça de Deus em gênio da caridade, nos ajude a todos a pôr mais uma vez as mãos no arado – sem olhar para trás – para o único trabalho que importa, o anúncio da Boa Nova aos pobres…”
(João Paulo II)

São Vicente de Paulo nasceu em uma terça-feira de Páscoa, em 24 de abril de 1581, na aldeia Pouy, sul da França. Vicente foi batizado no mesmo dia de seu nascimento. Era o terceiro filho do casal João de Paulo (Jean de Paul) e Bertranda de Moras (Bertrande de Moras), camponeses profundamente católicos. Seus seis filhos receberam o ensino religioso em casa através de Bertranda.
Desde cedo destacou-se pela notável inteligência e devoção. Fez seus primeiros estudos em Dax, onde, após 4 anos, tornou-se professor. Isto lhe permitiu concluir os estudos de teologia na Universidade de Toulouse. Foi ordenado sacerdote, aos dezenove anos, em 23 de setembro de 1600.
Ordenou-se padre e logo passou pela primeira provação: uma viúva que gostava de ouvir as suas pregações, ciente de que ele era pobre, deixou para ele sua herança – uma pequena propriedade e determinada importância em dinheiro, que estava com um comerciante em Marselha.
No retorno desta viagem a Marselha, em 1605, o navio em que se encontrava foi atacado por piratas turcos. Pe. Vicente sobreviveu ao ataque, mas foi feito prisioneiro. Os turcos o conduziram a Túnis, onde foi vendido como escravo para um pescador, depois para um químico; com a morte deste, foi herdado pelo sobrinho do químico, que o vendeu para um fazendeiro, um renegado, que antes era católico e, com medo da escravidão, adotara a religião muçulmana. Ele tinha três esposas: uma era turca e esta, ouvindo os cânticos do escravo, sensibilizou-se e quis saber o significado do que ele cantava. Ciente da história, ela censurou o marido por ter abandonado uma religião que para ela parecia tão bonita. O patrão de Pe.Vicente arrependeu-se e propôs a ele uma fuga para a França, que só se realizou dez meses depois, já em 1607.
Eles atravessaram o Mar Mediterrâneo em uma pequena embarcação e conseguiram chegar à costa francesa. De Aigues-Mortes foram para Avinhão, onde encontraram o Vice-Legado do Papa. Vicente voltou à condição de padre e o renegado abjurou publicamente, retornando à Igreja Católica. Vicente e o renegado ficaram vivendo com o Vice-Legado e, quando este precisou viajar a Roma, levou-os em sua companhia. Durante a estada na cidade, Pe. Vicente frequentou a universidade e se formou em Direito Canônico. E o renegado foi admitido em um mosteiro, onde se tornou monge.
O Papa precisou mandar um documento sigiloso para o Rei Henrique IV da França e Pe. Vicente foi escolhido como fiel depositário.
Devido a sua presteza, o Rei Henrique IV nomeou-o Capelão da Rainha Margarida de Valois, a rainha Margot. Pe. Vicente era encarregado da distribuição de esmolas aos pobres e fazia visitas aos enfermos no hospital de caridade em nome da rainha. Após o assassinato de Henrique IV da França, em 1610, São Vicente passou um ano na Sociedade do Oratório, fundada pelo Cardeal Pierre de Bérulle. Mais tarde, padre Bérulle foi nomeado Bispo de Paris e indicou Vicente de Paulo para vigário de Clichy, subúrbio de Paris.
Vicente fundou a Confraria do Rosário e todos os dias visitava os doentes. Atendendo a um pedido de padre Berulle, partiu e foi ser o preceptor dos filhos do general das galés e residir no Palácio dos Gondi. Naquele período, a Marinha francesa estava em expansão e, para resolver o problema da mão-de-obra necessária para o remo, era costume a condenação às galés por delitos comuns.
Vicente empenhou-se nesta missão, lutando por mais dignidade para estes prisioneiros, que viviam em condições sub-humanas. No trabalho em favor dos condenados às galés chegou até a se colocar no lugar de um deles para libertá-lo. As propriedades da família dos Gondi eram muito grandes e Pe. Vicente e a senhora de Gondi faziam visitas às famílias que residiam nestas propriedades.
Foi assim que o Pe. Vicente percebeu como era necessária a confissão deste povo. Na missa dominical, ele fazia com o povo a confissão comunitária. Conseguiu outros padres para as confissões, pois eram muitos os que queriam esse sacramento. Pe. Vicente esteve nas terras da família Gondi por cinco anos. Foi a Paris e, mais tarde, a pedido do Pe. Berulle, voltou para a casa dos Gondi por mais oito anos.
Sua piedade heróica conferiu-lhe o cargo de Capelão Geral e Real da França. Vendo o abandono espiritual dos camponeses, fundou a Congregação da Missão, que são os Padres Lazaristas, para evangelização do “pobre povo do interior”. A Congregação da Missão demorou de 1625 até 12 de janeiro de 1633 para receber a Bula do Papa Urbano VIII, reconhecendo-a.
Em 1643, Luís XIII pediu para ser assistido, em seu leito de morte, por Vicente, tendo morrido em seus braços. A seguir, foi nomeado pela Regente Ana d’Áustria, de quem era o confessor, para o Conselho de Consciência (para assuntos eclesiásticos dessa Regência).
Santa Luísa de Marillac
Num apelo que o padre Vicente fez durante sermão em Châtillon, nasceu o movimento das Senhoras Damas da Caridade (Confraria da Caridade). A primeira irmã de caridade foi a camponesa Margarida Nasseau, que contou com a orientação de Santa Luísa de Marillac e que, mais tarde, estabeleceu a Confraria das Irmãs da Caridade, atuais Filhas da Caridade. De apenas quatro irmãs no começo, a Confraria conta, hoje, com centenas delas. Foi também ele o responsável pela organização de retiros espirituais para leigos e sacerdotes, através das famosas conferências das terças-feiras (Confraria de Caridade para homens).
Inspirado por seu amor a Deus e aos pobres, Vicente de Paulo foi o criador de muitas obras de amor e caridade. Sua vida é uma história de doação aos irmãos pobres e de amor a Deus. Existem diversas biografias suas, mas sabemos que nenhuma delas conseguirá descrever com total fidelidade o amor que tinha por seu irmãos necessitados. Muitos acham que a maior virtude de São Vicente é a caridade, mas sua humildade suplantava essa virtude. Sempre buscava o bem da Igreja.
São Vicente de Paulo foi um pai dos Pobres e um reformador do clero. Basta dizer que as Conferências Vicentinas, fundadas por Antônio Frederico Ozanam e seus companheiros, em 23 de abril de 1833, foram inspiradas por ele. Espalhadas no mundo inteiro, vivem permanentemente de seus exemplos e ensinamentos.
Segundo São Francisco de Sales, Vicente de Paulo era o “padre mais santo do século”. Faleceu em 27 de setembro de 1660 e foi sepultado na capela-mãe da Igreja de São Lázaro, em Paris. Foi canonizado pelo Papa Clemente XII em 16 de junho de 1737. Em 12 de maio de 1885 é declarado patrono de todas as obras de caridade da Igreja Católica, por Leão XIII.

Frases e pensamentos de São Vicente de Paulo

Se procurardes a Deus, encontra-Lo-eis por toda a parte…
Não me basta amar a Deus, se o meu próximo também não o ama
Nunca se tem Deus como Pai, se não tem Maria como Mãe
Não sei quem é mais carente: se o pobre que pede pão ou o rico que pede amor
Ainda que a firmeza seja necessária para atingir o fim a que nos propomos em nossas boas obras é contudo, necessário empregar muita ternura nos meios
Como ser cristão e ver o seu irmão aflito, sem chorar com ele! É permanecer sem caridade, é ser cristão de pintura, é não possuir nada de humanidade, é ser pior que os animais
Não sou daqui nem dali, mas de qualquer lugar onde Deus quer que esteja
Dez vezes irão aos pobres, dez vezes encontrarão a Deus
Convém amar os pobres com um afecto especial, vendo neles a pessoa do próprio Cristo, e dando-lhes a importância que Ele mesmo dava
Só as verdades eternas podem encher o nosso coração
É preciso dar o seu coração, para obter em troca o dos outros
Os pobres abrem-nos a porta para a eternidade
Temos que atribuir a Deus qualquer bem que resulte de nossas acções, do contrário, deveríamos atribuir a nós todo o mal que ocorre na comunidade
Uma maneira ótima para se exercitar no amor de Cristo, é acostumar-se a tê-lo sempre presente em nós
Os que desejam realmente seguir as máximas de Cristo, devem ter em grande conta a simplicidade

Quando receberes Jesus em vossos corações poderá ainda haver algum sacrifício impossível para vós?
Se quisermos nos dedicar inteiramente ao nosso próximo não devemos reservar a nós mesmo nem tempo nem espaço.
É possível restaurar as instituições com a santidade, e não restaurar a santidade com as instituições.
Meus irmãos amemos a Deus, mas amemo-lo às nossas custas, com fadiga de nossos braços, com o suor do nosso rosto.
Não podemos garantir melhor a nossa salvação do que vendo e morrendo a serviço dos pobres.
Para os superiores não há meio de se fazer obedecer do que a mansidão.
O gosto de ser elogiado, de aparecer, o desejo de que seja louvado o comportamento, de que se diga que somos bem sucedidos e que fazemos maravilhas, é um mal.
A conformidade com a vontade divina é o termo do cristão e o remédio para todos os seus males, porque contém a renúncia de si mesmo, a união com Deus e todas as virtudes.
 Evangelho (Lc 9,7-9)

Procurava ver Jesus
Hoje o texto do Evangelho nos diz que Herodes queria ver Jesus (cf. Lc 9,9). Esse desejo de ver Jesus vem da curiosidade. Falava-se muito de Jesus pelos milagres que ele ia realizando por onde passava. Muitas pessoas falavam dele. A atuação de Jesus trouxe à memória do povo diversas figuras de profetas: Elias, João Batista, etc. Mas, por ser simples curiosidade, esse desejo não transcende. Tal é o fato que quando Herodes vê não lhe causa maior impressão (cf. Lc 23,8-11). Seu desejo se desvanece ao vê-lo cara a cara, porque Jesus se nega a responder suas perguntas. Esse silêncio de Jesus lhe delata como corrupto e depravado.

Nós, ao igual que Herodes, com certeza sentimos, alguma vez, o desejo de ver Jesus. Mas já não contamos com ele Jesus em carne e osso como nos tempos de Herodes, no entanto contamos com outras presenças de Jesus. Quero ressaltar duas delas.

Em primeiro lugar, a tradição da Igreja fez das quintas-feiras um dia por excelência para ver Jesus na Eucaristia. São muitos os lugares onde hoje está exposto Jesus - Eucaristia. «A adoração eucarística é uma forma essencial de estar com o Senhor. Na sagrada custódia está presente o verdadeiro tesouro, sempre esperando por nós: não está ali por Ele, e sim por nós» (Bento XVI). -Aproxime-se para que lhe deslumbre com sua presença.

Para o segundo caso podemos fazer referência a uma canção popular, que diz: «Conosco está e não o conhecemos». Jesus está presente em tantos e tantos de nossos irmãos que têm sido marginados, que sofrem e não têm ninguém que os queira ver. Na sua encíclica Deus é Amor, diz o Papa Bento XVI: «O amor ao próximo enraizado no amor a Deus é ante tudo uma tarefa para cada fiel, mas é também para toda a comunidade eclesial». Assim, então, Jesus está lhe esperando, com os braços abertos lhe recebe em ambas as situações. Aproxime-se!

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